sábado, 4 de novembro de 2023

O PILÃO EM ITAMBÉ



                                       

         Quando a eletricidade não tinha chegado ao interior de Itambé e as torradeiras elétricas ainda não tinham sido inventadas nem comercializadas, o café moído e o fubá eram feitos nos pilões, em casa, por pessoas da cidade.

           O segredo, porém, do bom café ou da boa fubá estava condicionado, entretanto, não só às receitas da torrefação feitas à base de rapadura e cravo, mas, sobretudo, no bom manuseio do pilão. Sem a técnica e a experiência do pilão, o milho e a amêndoa do cafeeiro não eram pulverizadas suficientemente para dar um bom mingau e um café saboroso.

Para realizar esse trabalho, havia na cidade piladeiras de milho e de café que eram disputadas pela sociedade local, como Da. Domília, Da. Maria Lourdes, etc. Quanto era belo ver essas mulheres utilizando o pilão! Enquanto pilavam esses produtos de modo forte e ritmado, elas costumavam dizer palavras inintelígíveis ou cantar músicas populares e religiosas como esta:


“Encontrei a Senhora na beira do rio

Lavando os paninhos do seu bendito.

Enquanto Maria lavava

José estendia.”


“Cala meu menino!

Calai meu Senhor

Que a faca que corta

Dá talho sem dor!”

 

A extinção do pilão em nossos dias se deveu à       eficácia da máquina e da tecnologia. Mas, aapesar desse invento ter facilitado tanto à vida do homem  não deixou de extinguir uma atividade doméstica que tanto encanto e emprego dava às cidades de todo interior do Brasil, da Bahia  e  Itambé.

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