segunda-feira, 25 de março de 2024

A SEMANA SANTA NO PASSADO EM ITAMBÉ



        Quem viveu até 1960 em Itambé deve lembrar como era a Semana Santa na cidade. Após esta data, quando foi realizado o Concílio Vaticano II pelo Papa São João XXIII, a Liturgia da Missa e as normas acidentais da Igreja mudaram, sem dúvida, em toda a Cristandade e em Itambé também. 

       O comportamento da comunidade católica e, também, do povo da cidade era, acentuadamente, penitencial. O jejum era completo de 24 horas; Vigorava a abstenção de carne e de qualquer brincadeira; o uso do véu e da saia comprida para as mulheres eram mantidos à risca na sociedade e, especialmente, durante todas as cerimônias litúrgicas.

         Ela era aberta  com a Procissão dos fiéis pela manhã no Domingo de Ramos pelas ruas centrais da cidade; Na Quarta-Feira era realizada a procissão do Encontro de Jesus Chagado com Nossa Senhora das Dores.

         Na Quinta-Feira Santa, às 15:OO horas, era realizada a Missa solene da  Instituição da Eucaristia com o Lava-Pés. 

       A Cerimônia mais solene da Semana Maior era realizada, porém, na  Sexta-Feira Santa com a Adoração e o ósculo da Santa Cruz pelos fiéis.

        No Sábado Santo era realizada a Vigília Pascal, à noite. com os Catecúmenos reunidos no Pátio e entrando no  templo com velas acesas. Após a Missa era realizada a Procissão pela cidade do Senhor Morto com as paradas alternadas de uma mulher representando Santa Verônica, portando um pequeno Sudário e lendo um pergaminho com uma mensagem pungente da Paixão de Cristo Nosso Senhor. 

     A cerimônia mais alegre e brilhante era realizada no Domingo da Ressurreição quando a tristeza e o luto  davam lugar à alegria e o júbilo.  Todos os tecidos negros que velavam as imagens  eram retirados sob a proclamação do Cântico Aleluia. À noite, era realizada uma grande Procissão de Cristo Ressuscitado pelas principais ruas da cidade. 

           O Sábado de Aleluia quebrava-lhe a tristeza com a queima do Judas e a leitura  hilariante do seu Testamento em alguns lugares da cidade. O domingo da Ressurreição era, contudo, o dia  maior e mais importante  da Semana Santa, quando, festivamente, as famílias comemoravam com uma ceia faustosa regada com vinho e a ida à Missa Pascal. 

      Por falta de autênticas, cingimos a ilustrar o texto com imagens aleatórias de cerimônias litúrgicas realizadas num passado mais recente na Paróquia de São Sebastião em Itambé.















        








sexta-feira, 22 de março de 2024

O LENHADOR EM ITAMBÉ

        Das figuras folclóricas e populares da história do município, os lenhadores João Lascador e Jesuíno (Sr. Zu) , foram figuras típicas na cidade na década de 40.  Enquanto o primeiro se perde nas brumas do passado,  o Sr. Zu, falecido com  quase 9O anos na década de 8O é mais conhecido e lembrado por todo o itambeense. Além de desbravador da Piabanha, da Limeira, do Catolé, da Jiboia e da Serra do Marçal, foi também um dos mais eficientes limpadores de quintais da zona urbana da cidade. Era o fornecedor  natural de lenha para várias famílias da comunidade. Seu trabalho era indispensável na cozinha, na construção civil da zona urbana e rural.

             Sua  presença na cidade era amiga, embora assustasse as crianças porque era preto e dentuço. Trabalhava em silêncio parecendo conversar com os animais e auscultar as aves por perto.

         O Lenhador foi uma das figuras da história da humanidade que muito contribuiu para o desbravamento orgânico e natural do mundo até o advento da tecnologia atual. A grande predação e extinção das matas em nossos dias não existia no passado, quando a extração da madeira era feito individualmente e a machado. O fenômeno assustador que tanto tem preocupado o país, especialmente o IBAMA, com a extinção de espécies da fauna e da flora, é moderno e se deveu à falta de conscientização do desenvolvimento sustentável só agora apregoado pela mídia em nossos dias.

         Até a década de 60, o município de Itambé era rico de madeiras de lei. O cedro, a peroba, a sucupira, o  jacarandá, etc. abundavam nossas matas. Tanto é que o seu Brasão de Armas ostenta, como suporte, um feixe de madeiras. A existência do lenhador ou  mesmo do serrador não comprometia o meio ambiente nem impedia o florescimento da construção civil e a indústria de móveis.

        Carpinteiros famosos, como o Sr. José de Alaíde, fizeram mobílias de jacarandá em vários estilos e que são, até hoje, guardadas com carinho por famílias tradicionais de Itambé e da região. Atualmente, dessa riqueza, só resta a saudade. O mau uso da moto serra e do automóvel extinguiu, praticamente, todas as suas reservas.



















quinta-feira, 21 de março de 2024

O JORNAL, A REVISTA E O BLOGGER EM ITAMBÉ

          O gosto pela leitura em Itambé de jornais foi despertado logo após a sua Emancipação Politica de Vitória da Conquista no ano de  1927 com a chegada à cidade, semanalmente de “A TARDE”, o mais importante diário da Capital do Estado. No ano de 1935, sete anos após, o Município teve o seu primeiro jornal impresso.

           Este órgão tinha como Diretor Gerente o Sr. Antônio Martins e funcionava sob a responsabilidade de Coronel Augusto Andrade de Carvalho. Seu nome era “A VOZ DO POVO”.

               Sua primeira edição trazia a manchete ‘’Nos arraies políticos do Município” e os seus principais assuntos foram: a indicação do Coronel para Prefeito e sua renúncia; a Semana Nacional de Educação; a posse do Juiz de Direito Dr. Fernando da Costa Tourinho; a visita do Mons. Couto Moreira a Itambé; a descoberta do Petróleo no Rio Grande do Sul; e a  visita do Tiro de Guerra de Vitória da Conquista a Itambé.

         Ele funcionava na Rua Frei Luiz Di Grava e era todo feito nos moldes da linotipia de Gutemberg, o criador da Imprensa na Europa no século XVI. Sua impressão era alternativa e era bem lido pelos homens letrados e políticos  da cidade. De início era um órgão pacífico, mas durante o Governo do Dr. Jorge Heine tornou-se bastante polêmico com os questionamentos do Coletor Jesus. Tanto é que este Prefeito criou também para se defender dos seus ataques o jornal Nova Era com uma qualidade de impressão melhor e mais moderna. Ambos jornais desapareceram e deles só resta a memória.

         Quando o Ginásio Gilberto Viana chegou à cidade em 1954, o seu Diretor Pe. Vicente Angiuoni teve a iniciativa em restaurá-lo no recente estabelecimento de ensino com a criação da revista “O ESTUDANTE”. Impressa em papel ofício nos mimeógrafos, suas imagens eram desenhadas e o seu conteúdo versava de curiosidades do meio estudantil, crônicas sociais, poesias, dissertações e contos literários. Não teve continuidade, porém. Só saíram 3 revistas apenas. No início da década de 60, quando ensinava neste estabelecimento, o Professor Carlos Leonor Ribeiro de Brito procurou restaurá-lo a fim de lembrar o aniversário dos 50 anos da chegada dos Padres Vocacionistas.

   Por ocasião dos 80 Anos de Emancipação do Município, com a ajuda do Prefeito Moacir Andrade, o mesmo professor tomou a iniciativa em editar a revista “O Arauto de Itambé” impressa em papel ofício, preto e branco e com uma tiragem de 100 exemplares apenas. 

      A partir desta data, com recurso próprio e apoio de anunciantes e de leitores locais, resolveu o mesmo professor dar continuidade ao seu projeto editando a mesma revista em cor com uma tiragem de 200 exemplares bem mais aprimorada e duas vezes ao ano. Para complementá-la criou o blogger oarautodeitambe, atualmente com cerca de quase 500 postagens. 










 
            

               

domingo, 17 de março de 2024

A EDUCAÇÃO E A CULTURA EM ITAMBÉ NO PASSADO E NO PRESENTE



         São raros os municípios baianos que tiveram o privilégio de atrair Ordens Religiosas para se dedicar à educação como Itambé.  

           Reflexo disto foi o interesse de várias cidades e fazendas do Sudoeste da Bahia e até da Capital do Estado em mandar jovens para Itambé, afim de estudar num estabelecimento de ensino edificado por um dos grandes gerentes do Banco do Brasil da década de 5O Gilberto Viana.

         Este grande interesse não  foi, sem dúvida, para a educação laica, mas, sobretudo, para a formação humanística e cristã que trouxe a Ordem Religiosa fundada pelo Pe. Justino Maria Russolillo canonizado pelo Papa Francisco no dia 15 de maio de 2021 em Roma.

            Quem viveu em Itambé na época em que os Vocacionistas chegaram a cidade para ensinar neste importante Ginásio o Curso Fundamental, pode atestar, com firmeza o clima emocionante que viveu sua população, ainda rural e só  voltada para a Pecuária e um comércio incipiente das coisas miúdas da terra. A chegada de tantos sacerdotes e  professores inteligentes de fora foi o maior acontecimento da década de 5O.

      No rastro do Ginásio Gilberto Viana, outros estabelecimentos de ensino foram criados, posteriormente, mas, sem dúvida, a tocha luminosa e brilhante da educação e da cultura humanísticas quem trouxe, sem dúvida para Itambé,  foram os filhos de São Justino Russolillo. 

         Os padres Vocacionistas  Cyro, Polito, João Félix, Vicente Angiuoni, Vicente Russo, José Reis, Raimundo, Cláudio Ribeiro, Alessandro, Eudete, Wesdras, Mozart Andrade, Joselito Cruz, Zelito Oliveira, Ednilton Oliveira, Diego, Fernando, Antonio Miranda, Juracy   e a grande educadora itambéense  Irmã Walquíria Alves Amorim sempre estarão vivos na sua memória para testemunhar a formação cultural e cristã do seu povo.

          Daí em diante vieram  outras escolas grandes e pequenas, públicas e privadas, como o Polivalente, o ENOY e até um Colégio Militarizado, além de Universidades a Distância  que, até hoje, acenam para o seu povo  um ideal nobre, importante e brilhante para o jovem em todo o Município.



















                 

quinta-feira, 14 de março de 2024

O COMÉRCIO DE ITAMBÉ NO PASSADO E NOS NOSSOS DIAS

         Antes do asfaltamento da estrada para Vitória da Conquista, Itambé possuía  um comércio, relativamente desenvolvido. Quase ninguém saía da cidade para comprar fora.

        Tanto as "vendas" espalhadas pela cidade e fazendas quanto o comércio maior como as lojas dos Senhores João Rucas, Valdívio Santos Silva, Flávio e Milton Scalfdaferri, Rogério Gusmão e as farmácias e as padarias aqui existentes eram relativamente prósperas e desenvolvidas. A falta de transporte e as estradas de barro impediam o deslocamento das pessoas para comprar e ou vender qualquer coisa em Vitória da Conquista.

          Por outro lado, as roupas eram feitas pelas próprias famílias,  costureiras e os alfaiates Senhores José de Coisa e Nicanor Portela, os sapatos eram confeccionados nas tendas de sapateiros, os móveis eram confeccionados pelos carpinteiros locais como o Sr. José de Alaíde, tudo, enfim, para o uso e utilidades dos seus habitantes era produzido na cidade, nas fazendas  e nos distritos. O asfalto, portanto, longe de facilitar o comercio local, só veio alterar o seu florescimento natural e orgânico.

          Reflexo deste comércio do passado, até hoje podemos ver no seu distrito Catolezinho, quando, geralmente, ele vara a noite até às 21:00 horas por causa da dificuldade de acesso a Itambé, Itapetinga e Vitória da Conquista.

               Atualmente, o seu comércio na cidade vem se abrindo para várias lojas a varejo e a atacado de todos os tipos de produtos, e até magazines bonitos, sortidos e modernos, mas continua parado e sem vida. A esperança pelo seu aquecimento a qualquer hora é a virtude que alimenta os seus comerciantes grades e pequenos.


















domingo, 10 de março de 2024

A CULTURA DO CACAU EM ITAMBÉ

    Quem já viajou pela BR-101 deve ter observado, como são bonitos os trechos da estrada  perto dos Municípios de Ilhéus e Itabuna! Árvores seculares e frondosas, até hoje, ainda, cobrem as estradas mesmo depois  que a praga da "podridão parda" extinguiu esta importante cultura do Sul da Bahia. 

       A bebida dos deuses  que dava a ela o primeiro lugar no ranking da produção no Brasil deixou, como dádiva da Providência, os resíduos desta cultura que, até hoje, teima em atualizar apesar de muitas fazendas terem sido transformadas em pastagens de gado.

          Itambé, desde que fora emancipado de Vitória da Conquista, sempre sentiu um desejo ardente de incrementar este tipo de cultura em suas terras. Trazida pelos catingueiros, esta cultura demonstrou ser viável e produzir excelentes amêndoas, até hoje, pelos seus pioneiros. É o caso, até hoje, da sua cultura em São José do Colônia outro distrito de Itambé.

             Mas, não chegou a desenvolver, plenamente, por causa da má influência da praga da "vassoura de bruxas" que deixou suas sequelas, até hoje, no município e a falta de incentivo do Poder Público.