Na
humanidade, o nascimento de uma criança sempre constituiu para toda a família e
a sociedade uma fonte de grande alegria e felicidade. Esse júbilo nem sempre
era para o primogênito de uma prole numerosa, mas, também, para todos os outros
filhos.
Quanta expectativa para o pai e os filhos a notícia da gravidez da mãe! Toda a prole se acercava do seu ventre para acariciar, auscultar a respiração do menino e beijar. Mas, o que mais despertava atenção era o pudor com que a gravidez se revestia, os preparativos do enxoval e o nascimento de uma criança em Itambé.
Geralmente, para resguardar o pudor, a mulher se restringia às quatro paredes da casa. Só saía ela por necessidade. Sua roupa era a mais discreta possível para resguardar essa virtude cristã. Entretanto, os trabalhos domésticos (cozinhar, lavar e ou passar a roupa, arrumar a casa, etc.) ela só deixava de executar à última hora do parto. Tanto é que muitas crianças nasciam, nessa época, em qualquer lugar da casa e sem a presença da “parteira”.
As
“Parteiras” eram uma profissão importante em toda a cidade ou fazenda para
fazer o parto do bebê. Às vezes, ela costumava dormir à véspera, na casa da
família à beira do leito da gestante. Todo arrumado e perfumado com folhas de
alfazema queimadas num fogareiro, o quarto tinha todas as coisas para esse
grande acontecimento familiar: o berço, a bacia, a jarra com água e todo o
enxoval. Em Itambé, as mais famosas “parteiras” eram, nessa época, as tias
Filu, Custódia, Clarice e Licinha Gusmão.
Toda
arrumada pelas filhas, a casa já tinha toda a provisão de alimentos para esses
dias de festa e alegria. Todos os membros da família bem como os parentes e
amigos aguardavam ansiosos o choro do bebê e o sexo da criança. Mesmo com o
resguardo rigoroso da gestante, a porta do quarto se abria para os curiosos
verem a criança no seu berço.
Às
vezes, muitas mães não podiam e nem tinham o leite necessário para amamentar a
criança. Para suprir essa carência, na cidade havia várias “mães de leite”,
gestantes que tinham o leite de sobra para alimentar os seus filhos e que as
socorriam nessa premente dificuldade.
Criava-se entre essa família e as “mães de leite” um laço de amizade
profundo que durava pelo resto da vida.
Ainda guardamos na memória local as queridas “mães de leite”, como Dona Maria Gorda (Mãe da Professora Lair) que amamentou o Sr. Haroldo Gusmão e sua irmã Sra. Maria Elza para Da. Vivinha e Da. Aurinha da mesma forma para os filhos de Da. Azita Sá Ribeiro. Uma semana após o nascimento da criança era vez das visitas para ver o bebê, saber o seu nome, trazer-lhe um presente e comer a “galinha com pirão da mulher parida”.
Algumas famílias costumam guardar o berço dos seus filhos, como é o caso do Prof. Carlos Leonor Ribeiro de Brito nascido em Macarani e depois mudado para Itambé. Trazido de Portugal pelo Coronel Afonso Pereira Magalhães para a sua filha Anália casada com o tropeiro Cyrilo Souza Ribeiro em Boa Nova, Bahia, este berço costumava se deslocar para toda a casa dos suas filhas, netas e bisnetas quando estavam gestantes. A titulo simbólico, o Prof. Carlos Leonor e Dona Edna fizeram questão de colocar seus netos João Lucas nascido em Aracaju e Diogo nascido em Vitória da Conquista por ocasião da visita a Itambé.
A devoção mais tradicional das mulheres gestantes é Nossa Senhora do Parto. Mas há outras como Nossa Senhora do Bom Despacho e Nossa Senhora do Leite.
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